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HF: a luta para baixar o colesterol ruim

“Quando sofri o infarto, depois de fazer a cirurgia para retirar a gordura das artérias, voltei para casa no dia 22 de dezembro. Era Natal e minha mãe teve que mudar toda a ceia. Ela sofreu muito nesse sentido, pois teve que modificar completamente o estilo de vida e a alimentação lá de casa. Não é fácil ser mãe de três filhos que têm uma doença incurável”, explica André Luis Batista Pereira, fundador e diretor da Associação Hipercolesterolemia Familiar. André tinha 28 anos quando sofreu o primeiro infarto.

Além da mudança na alimentação, ele passou a praticar exercícios físicos e a tomar nove remédios, a maioria em dose máxima. E ainda tem que aguentar os efeitos colaterais da medicação. “Um desses remédios causa vermelhidão e ardência na pele. Sabe o Hellboy (personagem de história em quadrinhos)? Eu fico como ele!”, conta.

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 “Aí você começa a tomar a medicação, e tem uma hora que pensa que já tomou remédio demais. E relaxa, né? Infelizmente foi isso que eu fiz.” Aos 38 anos, dez anos após a cirurgia em função do primeiro infarto, André sofreu o segundo ataque cardíaco. Ele estava em uma sala de reunião, tratando do corte de funcionários em seu trabalho, uma situação bastante estressante. Ao chegar ao hospital, a médica avisou: “Você está tendo o segundo infarto, vai passar pelo segundo cateterismo. Não vai escapar vivo do terceiro”.

É comum que o paciente com HF abandone o tratamento e os medicamentos. Isso porque o tratamento requer muito esforço, mas oferece resultados pouco recompensadores. Seguir o tratamento à risca não garante necessariamente que o LDL, o colesterol ruim, baixe. Na época do primeiro infarto, o LDL de André era de 409 mg/dl; hoje, é de 435mg/dl.

Foi pensando nesses pacientes, na classe médica e na população leiga que foi criada a Associação HF, da qual André é fundador e diretor. Fundada em maio de 2014, a associação oferece apoio psicológico para os pacientes que precisam encarar resultados não tão animadores do tratamento e também alerta para o fato de que o colesterol alto não é apenas fruto de uma vida desregrada nem ocorre apenas em pessoas acima do peso, por exemplo. A tendência a ter níveis altos de colesterol pode ter causas genéticas.

Pergunto para André se hoje em dia ele tem medo que algo lhe aconteça, mesmo adotando medidas como medicação adequada, alimentação regrada e prática de exercícios físicos. Ele responde: “Você quer saber se eu tenho medo de morrer? Tenho muito medo. Acabei me tornando uma pessoa medrosa. [A morte]  vai chegar, mas espero que ela seja por qualquer outra causa que não a doença”.

 

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